Nome completo: Daniel José Conceição Azenha
Data de nascimento: 10/03/1995
Naturalidade: portuguesa (nasceu no Luxemburgo)
Curso que frequenta: Geografia humana, Ordenamento e Planeamento do Território; está a preparar a tese do mestrado
Filme preferido: Amigos improváveis
Animal de estimação: cão
Passatempos: jogar futebol (agora menos)
Um sonho: ser feliz
Futura profissão: ser um geógrafo de sucesso
Sinal – Sempre te interessaste
pela liderança académica? De onde vem esse gosto?
Daniel Azenha – Vou ser muito sincero, a resposta é não. Quando cheguei à
Universidade, o que queria era aproveitar tudo o que esta tinha para me dar.
Ter boas notas e ir às aulas é muito importante, mas a AAC tem muitas coisas
para nos oferecer: o desporto, a cultura (há 26 secções desportivas e 14 culturais)
e ainda 26 núcleos de estudantes. Comecei por entrar numa lista, como
colaborador, essa lista ganhou e estive envolvido em várias tarefas. A
primeira, que nunca mais esquecerei, foi estar num arraial social a angariar
fundos para as residências, a servir finos e pão. No meu segundo ano, fui
convidado para a receção ao caloiro e para integrar o núcleo de estudantes da Faculdade
de Letras. Foi tudo muito simples e muito natural: fui trabalhando, fui
aprendendo mais e fui sendo convidado. Por isso, a resposta é não. No último
ano, obviamente, fui sonhando com a presidência. Fui vice durante dois anos e
neste último ano sabia que podia ter essa oportunidade. A verdade é que entrei
para a Universidade com um espírito super aberto, com vontade de aprender e de
contactar com muitas pessoas.
S. – Como te sentiste quando foste eleito?
D. A. – Muito feliz! Foi uma eleição
difícil, disputada por dois candidatos. Quando vencemos foi algo de
extraordinário. Na primeira volta, votaram 9 mil estudantes num universo de
cerca de 14 mil. Geralmente votam cinco, seis mil no máximo.
S. – Que projetos pretendes concretizar durante o teu mandato?
D. A. –Foi o que expliquei há pouco. A AAC
é composta essencialmente pelas secções desportivas, culturais e pelos nossos
núcleos de estudantes, cada um com a sua própria direcção. Obviamente, nós
somos a entidade máxima, a direção geral. Temos vários projetos. A associação tem
trabalhado muito na integração dos estudantes no ensino superior. Interessa não
só o momento em que já estamos no ensino superior mas também o
pré-universitário. É importante que o estudante conheça os constrangimentos
financeiros, que saiba se a ação social lhe permitirá manter-se. Não sei se têm
a noção de que há muitos colegas que, infelizmente, ainda abandonam o ensino
superior. Por outro lado, há também muitos outros que não frequentam o ensino
superior devido às barreiras sociais, nomeadamente as propinas. Também estamos,
naturalmente, preocupados com a área pedagógica. Como sabem, o processo de
Bolonha veio mudar o ensino superior, mas só teoricamente é que deixámos de ter
um ensino centrado no docente e começámos a ter um ensino centrado no
estudante. Nós temos de ter em conta cada estudante, olhar para ele e ver quem
é, para orientar o seu próprio estudo. Temos ainda outras sugestões,
nomeadamente a internacionalização, por exemplo, o programa Erasmus. Continua a
ser um programa muito elitista, porque é caríssimo. Temos ainda a questão do
pós-universitário. Se existem muitas dificuldades em entrar e permanecer no
ensino superior, há a preocupação com a entrada do recém-licenciado no mercado
de trabalho. Não basta termos um emprego! É importante garantir uma carreira, e
estabilidade. A nível cultural, temos muitas secções, somos um agente cultural.
Mas sentimos por vezes que não conseguimos chegar ao estudante e à comunidade. Perdeu-se
o hábito de estar próximo da Associação Académica de Coimbra. Se somos um
agente cultural temos de agir como tal. Todo o estudante, todo o habitante da
cidade de Coimbra tem de ter a noção das actividades culturais que a A.A.C.
desenvolve, portanto é essencial que haja uma agenda cultural. Temos também a
questão desportiva, somos um clube. Temos uma equipa de futebol, de andebol, de
basquete… Além disso, há também o desporto universitário. Infelizmente, há
ainda um grande desconhecimento das nossas secções. Muitos estudantes acabam
por passar por Coimbra sem saber que podem praticar desporto. Recebemos, recentemente,
os campeonatos europeus que envolveram quatro mil atletas. Queremos ser a
capital do desporto universitário. Se os últimos quatro anos foram a preparação
dos jogos universitários e recebemos 4 mil atletas da Europa toda, é muito
importante dar continuidade a este trabalho. Estes são os nossos principais
objetivos.
Em suma, somos um agente
político, cultural e desportivo. A área política está centrada em três pilares,
o pré, o percurso e o pós-universitário. O aspeto cultural é para nós importantíssimo
e deve haver um plano desportivo.
S. – Qual a tua opinião sobre as praxes académicas?
D. A. –Eu vou dar a minha opinião
pessoal. Obviamente, sou presidente de todos os estudantes, dos que fazem parte
das praxes e dos que não concordam com elas. A associação representa todos os
estudantes da universidade de Coimbra. Eu fui praxado, praxei e, sobretudo, fiz
grandes amigos na praxe. Quando são bem-feitas, não há motivo para acabar com as
praxes, mas é preciso saber fazê-las. A título de exemplo, na praxe de Coimbra,
não se misturam rapazes com raparigas. Também não se pode mandar deitar no
chão, rastejar, etc. Há um cuidado imenso em relação à praxe. Eu fiz os meus
melhores amigos na praxe. É muito importante quando os alunos chegam a Coimbra integrarem-se
e o primeiro contacto com os outros é, precisamente, através da praxe. Somos
obrigados a estar com as pessoas e isso desbloqueia-nos. Uma praxe que
costumamos fazer é juntarmo-nos e abraçar os turistas. Eles adoram e não há
problema nenhum. Por isso, é preciso saber fazer boas praxes.
S. – E em relação a alguns excessos que se cometem durante a festa académica
e o cortejo?
D. A. –De facto, aquilo não é a cultura
de Coimbra. Foi algo que se foi avolumando. É uma festa e cometem-se exageros, muitos,
e isto também é um conselho para os mais novos: pode passar-se por Coimbra,
viver muito, mas dentro dos limites. Não somos a capital das festas. Em Lisboa,
também há muitas festas, mas as faculdades estão mais dispersas. Aqui, como os
polos estão muito próximos, encontramo-nos todos na Praça da República. Em todo
o lado, há consumos e excessos!
S. – O que é possível fazer para melhorar a qualidade de vida do estudante
universitário?
D. A. –Essa é uma pergunta para um
milhão de euros! Há muito ainda para fazer. Falei-vos há pouco das condições
financeiras. Entrar no ensino universitário é muito caro. A associação luta há
25 anos contra as propinas, que são uma barreira social. Ainda estamos muito
longe do que deve ser uma ação social forte. A educação é um direito de todos. Muitos
jovens não prosseguem os estudos por causa das propinas. Há, também, a questão
das bolsas, que ainda não abrangem muitos alunos. Um outro problema reside no
número insuficiente de residências universitárias que, aliás, apresentam muito
pouca qualidade. Para além disso, assistimos ao encarecimento do alojamento
para o estudante, em Lisboa, no Porto e em Coimbra. É urgente delinear um plano
de reabilitação para a nossa cidade que pode passar pela reabilitação da Alta. Os
estudantes são vigilantes naturais. Se houver uma reabilitação urbana,
diminuímos drasticamente a criminalidade, há mais comércio e um maior desenvolvimento.
No fundo, conseguimos inverter uma tendência negativa. A Associação está
disposta a ajudar.
S. – E qual é o papel das tradicionais repúblicas?
D. A. –Os edifícios estão degradados,
pois são casas arrendadas, onde não são feitas obras há muito tempo. Custa-me vê-las
neste estado, porque fazem parte da história de Coimbra. Vamos comemorar os 50
anos da crise académica e as repúblicas tiveram um peso importantíssimo naquilo
que foi um bocadinho a história da nossa democracia. Vamos ter de nos debruçar
sobre este aspeto.
O que te leva a defender a candidatura de Coimbra a Capital Europeia da
Cultura?
D. A. –Coimbra é a cidade do estudante,
ora, não ter na sua candidatura o apoio do estudante não faz sentido. Por isso,
na minha tomada de posse, pedi que a Associação fizesse parte desta
candidatura. Já fomos contactados pela Câmara e estamos disponíveis para a
apoiar.
Consideras que os estudantes participam ativamente na vida política do
país?
D. A. –Sim, claro que sim. Falámos já
nos 9 mil estudantes que votaram. Falámos também há pouco de Bolonha e na
transformação dos cursos. Antigamente, permanecia-se mais tempo na universidade
e havia tempo para atividades extracurriculares. Atualmente, com a crise e a
dificuldade de entrada no mercado de trabalho, os estudantes acabam por querer
passar menos tempo na própria universidade e entrar rapidamente no mercado de
trabalho. Acabam por ter menos tempo para a prática desportiva, para atividades
culturais e até mesmo para a prática política. Não acho que estejam
desinteressados, simplesmente estão preocupados e acabam por desligar um
bocadinho. A verdade é que quando são
chamados à responsabilidade, sempre que há um momento de decisão importante, os
estudantes aparecem.
S. – Sabemos que foste aluno da nossa escola. Durante quantos anos? Que
recordações guardas desse tempo?
D. A. –Fui aluno da escola durante seis
anos. Tenho muitas recordações dos amigos, dos funcionários, dos próprios
professores (isto não é graxa, é mesmo a sério!). Tivemos sempre bons
professores, acompanharam-nos bastante. Dos espaços… Há pouco, quando estava a
entrar na escola, senti uma emoção. É mesmo bonito voltar aqui e recordar. Como
vivo em Quiaios, na Murtinheira, passei muito tempo na escola e levo sobretudo
daqui grandes amizades.
S. – Podes deixar uma
mensagem para os alunos da Escola Dr. Joaquim de Carvalho?
D. A. –Que se sintam muito orgulhosos da
escola que têm. A mim, enquanto estudante, ajudou-me bastante. Nota-se
claramente que os estudantes que saem da Joaquim de Carvalho são muito bons,
bem preparados e quero desejar-vos as maiores felicidades. A Associação
Académica de Coimbra está disponível para vos ajudar no que precisarem e eu
também. Tenho muito gosto em vos receber em Coimbra. Deixo-vos uma sugestão:
podem realizar uma feira de cursos, aqui na escola. Os estudantes vêm à escola,
falam convosco, trazem “flyers”, explicam-vos os cursos, falam-vos sobre as
dificuldades, esclarecem-vos sobre o alojamento, etc.
Laura Santos, 7ºD
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Gabriela Santos, 10ºA
Maria Inês Sousa, 10ºA
Mafalda Mateus, 10ºD