quarta-feira, 27 de novembro de 2013

As muralhas de Elsinore

    Aquando da passagem pela nossa escola do elenco da peça de Hugo Barreiros “As Muralhas de Elsinore”, que foi levada à cena no dia 26 de outubro, no CAE, o Clube de Jornalismo entrevistou os promissores atores Rodrigo Trindade, Cláudia Barbosa, Marco Mendonça, que explicaram a sua paixão pela arte de representar e incentivaram os alunos presentes a seguir os seus sonhos.
Aqui ficam alguns registos desse momento.
Sinal: Quando começou a sentir interesse pela área do teatro?
Rodrigo: “Quando estava no meu 3º, 4º ano, fiz uma peça muito pequena para a escola. Depois fiquei muito tempo sem representar até chegar ao 9º, altura em que tive que pensar no que ia seguir. Lembrei-me dessa peça que tinha feito e decidi integrar um grupo de teatro amador.”
Cláudia: “Desde miúda que fazia aquelas “palhaçadas” para a família. Depois fui começando a perceber que, quando tinha expressão dramática, era o que gostava mais. Estive um ano em Artes e depois tirei um curso de teatro de duas semanas. Aquilo foi tão forte que concorri a uma escola de teatro.”
 Marco: “Desde 1979, ainda não era nascido! (risos) Concluí o 12º ano em Artes Visuais e cheguei a casa, olhei-me no espelho e perguntei: O que vou fazer? Candidatei-me à Escola Superior de Teatro e Cinema. É uma universidade e é preciso fazer provas de ingresso. Entrei, passei nas provas. Surpreendi-me a mim mesmo e entretanto conheci o Rodrigo. Comecei a fazer teatro em 2013, sou um novato nesta área. Estou a gostar bastante.”

Sinal: Dos papéis que já representou, houve algum mais marcante? Quer explicar porquê?
Rodrigo: “Fiz a personagem Hamlet na escola de teatro que me marcou muito. No Hamlet tive um blackout e desmaiei… As personagens marcam-nos muito.”
Cláudia: “Quando acabei a escola de teatro, na PAP (Prova de Aptidão Profissional), fiz a personagem de uma ex-prostituta. Estava um hospício, rodeada de grades e as pessoas que eram rejeitadas iam todas para lá. Eu era cantora, fazia parte do grupo dos 4 cantores. Agarrei-me muito aquela personagem. A peça tinha muito a ver com aquilo que estamos a viver hoje, vemos as coisas a acontecer e não fazemos nada.”
Marco: “A personagem que mais me marcou é… esta em que estou a trabalhar agora, o Francisco. Nunca me imaginaria capaz de a fazer, pelo menos tão cedo. Identifico-me bastante com ela, é uma personagem “ser ou não ser”. Na minha vida, já me identifiquei com a solidão.”

Sinal: O que considera mais apaixonante na profissão de ator? E o mais problemático?
Rodrigo: “O mais apaixonante é… tudo. Gosto do nervosismo, do aperto no coração antes de entrar em palco. Estamos sempre nervosos e gostamos disso. O mais problemático é o medo de errar, de falhar, de ter críticas negativas no final da peça. O problemático a sério nesta profissão é estar a gravar, a fazer a peça e no fim ficarmos sem trabalho. A questão monetária, o estar sem trabalho, é o mais problemático para um ator. Nesta área, há o medo de ser esquecido.”
Cláudia: “Concordo com o Rodrigo.”
Marco: “O bom do teatro é fazer teatro. O teatro não se faz sem fazer. O nervosismo é maravilhoso, compensa bastante chegar ao fim e reconhecer que fizemos um bom trabalho. O pior é mesmo a instabilidade da nossa profissão. O nervosismo do palco é ampliado para o nervosismo de não ter trabalho.”

Sinal: Quais são as características mais importantes que um ator deve possuir?
Rodrigo: “O ator tem de ter uma coisa essencial, a sensibilidade. É preciso ter uma boa voz, aprender a colocá-la. Também é necessário ter muita flexibilidade, aprendermos a moldar o nosso corpo a todas as personagens, novas, velhas… Um ator também tem de ter técnica. Por exemplo, para chorar, cada um tem a sua técnica. Há ainda a técnica de andar em palco. E é preciso línguas, sobretudo o inglês.
Cláudia: ”Vocês podem ser os melhores atores do mundo,  mas se não tiverem uma coisa que se chama humildade, esqueçam!”

Sinal: Quais as principais diferenças entre o teatro e a televisão?
Rodrigo: “No teatro tens de projetar a voz e a nível corporal tens de ser mais expansivo. Na televisão é mais natural, decoras texto todos os dias. Há menos carga emocional na televisão. Nas novelas, não gravamos pela sequência. Podemos começar por gravar episódios do meio ou do fim e só depois cenas do início.”
Cláudia: ”Na televisão há cortes. Teatro e televisão são coisas tão diferentes que não consigo dizer quais as diferenças.”
Sinal: Indique as razões pelas quais não devemos perder, de modo algum, a peça “Muralhas de Elsinore”?
Rodrigo: “É baseada no Hamlet, é muito divertida. Vão pensar, rir e até, talvez, chorar.
Cláudia: “As emoções que queremos transmitir são muitas. O importante é pensarem. A peça tem uma mensagem muito forte.”

Sinal: Quer deixar uma mensagem para os leitores do Sinal?
Rodrigo: ”Ambição com humildade.”
Cláudia: “Hoje estamos aqui, e amanhã quem sabe?”
Marco: ” Vamos tentar dar sem nos lembrarmos e receber sem nunca nos esquecermos.”

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