Quando era pequena, queria ser professora?
Possivelmente como vocês agora, quando era pequena, não pensava muito no que queria ser quando fosse grande. Na verdade, ficava até um pouco nervosa sempre que os professores abordavam essa questão. E ficava ainda mais nervosa quando diziam que eu e os meus colegas, jovens de então, seriamos os responsáveis pelas decisões a tomar pela comunidade e pelo país, no futuro.
Durante quantos anos foi professora?
39 anos. 21 destes 39 anos foram passados na escola Joaquim de Carvalho, onde muito gostei de trabalhar.
Que escolas a marcaram mais, porquê?
Todas as escolas me marcaram, de uma maneira ou de outra. Apesar de tudo, ensinei em poucas escolas, apenas 6, para uma carreira relativamente longa. No entanto, todas elas me colocaram desafios, a que procurei responder com verdade e empenho. Talvez duas delas, a Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes de Macau e a Escola Joaquim de Carvalho, tenham sido as duas que mais me marcaram. A primeira pelas diferenças culturais e a segunda porque foi aquela onde ensinei mais tempo e onde tive a oportunidade de desempenhar funções muito diferentes.
Do que gostava mais na profissão de professora?
Do desafio de ensinar novos alunos, tão diferentes entre si, do contato diário com a comunidade escolar e educativa.
E do que gostava menos?
De quando tinha de me levantar cedo de manhã, especialmente à 2ª feira. Tinha sempre medo de adormecer e perder as aulas.
Se não tivesse tido esta profissão, que outra teria escolhido?
Hoje, estou convencida de que qualquer profissão é boa. O importante é entender o nosso papel aqui e no mundo de hoje e assumir uma atitude proactiva na prossecução de objetivos comuns.
Quantos anos esteve ligada à direção da nossa escola?
15 anos.
O que recorda desses anos?
Coisas muito positivas. O trabalho em equipa com
pessoas muito empenhadas, em clima estimulante de amizade e solidariedade. O
debate de ideias. o desafio da construção de documentos da escola -
regulamento interno, projeto educativo, projeto curricular, contratos de
autonomia, planos de atividades, plano de melhoria, entre muitos outros. A
mobilização da comunidade escolar na procura de soluções. As nossas
realizações, as Jornadas Culturais. Os sorrisos dos nossos alunos, que
entram quase crianças e saem jovens preparados para enfrentar os desafios
da vida.
Houve alguma situação marcante na
sua carreira?
Houve várias e todas deixaram marcas, umas
conscientes outras nem tanto. A que mais me marcou pela diferença foi a
decorrente dos 6 anos que passei na China, mais propriamente em Macau,
onde ensinei Língua e Cultura Portuguesa, numa escola de língua veicular
chinesa. Imersa numa cultura muito diferente, a adaptação não foi nada fácil,
especialmente nos primeiros três meses. Apesar disso, os efeitos e o fascínio
dessa experiência perduram até hoje.
Qual é o seu ídolo?
Não tenho ídolos no sentido que,
comummente, se dá a esta palavra. Admiro algumas pessoas pela sua
capacidade de espalhar o bem sem olhar a quem, de trabalhar com empenho para o
bem de todos, sem procurar a fama e o reconhecimento. Algumas são famosas
mas outras nem por isso - são pessoas comuns com as quais convivemos no dia a
dia.
Tem algum lema de vida? Qual?
Sim, acredito na essência do ser humano e na sua
capacidade de fazer o bem.
Acredito no sucesso baseado no trabalho,
disciplina, exigência e rigor.
Quer deixar alguma mensagem para o
Sinal?
Continuem, interpretem o sentido e a vontade da
comunidade e disso deem testemunho através do nosso jornal.
Ana Cristina Silva
Duarte Silva
Guilherme Marques
Jéssica Henriques