Após as apresentações, procurámos saber um pouco mais de Carlos Alberto Pais dos Santos, 58 anos, nascido a 12 de outubro de 1959. Acrescentou que é do signo Balança e que procura ser equilibrado.
Aqui fica o registo da nossa conversa.
Carlos Santos
- Comecei em 1984, em outubro, vai fazer 34 anos, que comecei
a lecionar.
Sinal - E há quantos anos está ligado à gestão
da Escola?
C.S. - Entrei
para a gestão em 1997, logo, há 21 anos que estou na gestão desta escola,
embora não tenha estado sempre a exercer as funções que agora exerço. Enquanto
diretor, é o meu nono ano; fui vogal do Conselho Diretivo, depois fui vice‑presidente
do Conselho Executivo até 2009 e, nesse ano, exerci o cargo de subdiretor
durante uns meses. Só depois passei a diretor.
Sinal
-Tem algum filósofo favorito?
C.S. - Tenho
alguma dificuldade em escolher o filósofo de que mais gosto. O filósofo que é
uma referência para mim é Sócrates. Porquê? Porque realmente foi aquele
filósofo que, em Atenas, revolucionou a sociedade com o seu discurso, levando
as pessoas a reconhecer que não sabem o que pensam saber e a procurar a
verdade. Isso é importantíssimo em termos de atitude. No entanto, Sócrates nada
escreveu. Só consigo ler o que os outros disseram dele. Há outro filósofo, Emanuel
Kant, que me marcou e que tive oportunidade de ler. Nessa perspetiva, tenho
dois filósofos favoritos.
Sinal
-Tem alguma citação que queira partilhar connosco?
C.S. - Na
verdade tenho duas! Uma de Sócrates, supostamente foi ele que a disse: Eu só sei que nada sei. Alguém lhe terá
perguntado algo e ele respondeu “eu só sei que nada sei”, ou seja, estou
consciente de que ignoro, e vale mais saber que não sei, do que pensar que sei,
quando não sei. Quem é que sabe mais? Aquele que não sabe, mas pensa que sabe
ou aquele que não sabe e tem consciência de que não sabe?
C.S. - A
segunda citação é de Kant: Faças o que
fizeres, fá-lo sempre de tal modo que, o motivo que te levou a fazê-lo, possas
tu querer que ele seja um princípio universal. Quer dizer,
independentemente daquilo que tu faças, o importante é o motivo que te levou a
fazê-lo. Ou seja, faz o bem em ti e nos outros sempre como um fim em si. Vou
dar um exemplo. Imaginem um acontecimento dramático: vamos com um familiar a
atravessar a estrada e alguém mata o nosso familiar. E, naquele momento,
tínhamos uma arma e podíamos matar quem matou o nosso familiar.
Colaboradora
do Sinal: Eu não matava!
CS - Porquê?
Colaboradora
do Sinal: Porque acho que não estaria correto.
CS - Porquê?
Colaboradora
do Sinal: Porque não estava a fazer o bem.
CS - Porquê?
Porque matar é errado, ou seja, porque não o deves fazer. Então, não mataste
porque não deves. Embora a emoção e o sentimento naquele momento te leve a
querer fazê‑lo, não vais matar. O que é que respeitaste? O dever pelo dever.
Sinal
– Qual o filme que o marcou?
CS - Um filme dos
anos 80, que vi em Coimbra, The day after
(“O dia seguinte”). Depois desse, não vi mais nada que me tocasse tanto como
este filme, nunca mais vi nada tão significativo. Retrata um ataque nuclear nos
Estados Unidos, que nos leva a ver ver como as coisas ficam na sequência desse
ataque. O filme termina com esta frase “Está aí alguém?”. Sabem que a
utilização das bombas nucleares sempre esteve na cabeça das pessoas, mas o
poder bélico hoje é muito superior. E pergunto, se houver um ataque nuclear,
como houve em Nagasaki e Hiroshima, haverá alguém que sobreviva para perguntar
“Está aí alguém?”. Para mim, este filme continua a ser um filme de eleição,
porque o valor mais precioso são as pessoas, e todo e qualquer poder bélico
ameaça exatamente a vida das pessoas.
CS - Confesso que
não sou das pessoas que mais lê e não sou porque o dia a dia aqui, na escola,
me absorve. Sou uma pessoa que se levanta muito cedo e também se deita muito
cedo, mas de vez em quando leio. E ainda não consegui ler um livro que me
motivasse tanto como Os Maias!
Sinal
– Qual o seu prato favorito?
CS – Tenho
vários! Já gostei mais de uns, mas continuo a gostar imenso de “arroz de marisco”!
Sinal
– E quanto a passatempos?
CS – O meu “hobby”
favorito é correr, sempre que posso.
Sinal – No ginásio?
CS – Não. Corro
na rua, na estrada, na praia, na serra, nos caminhos, onde calhar. Correr tem
uma dupla função: por um lado, faz-me bem em termos físicos, mas, por outro
lado, também me faz bem em termos psicológicos. Procuro correr sempre: ou no
final do dia, para me libertar do “stress” de um dia de trabalho, ou no início
do dia para me preparar para mais um dia de trabalho.
Sinal
– Pode descrever-nos um dia de trabalho do diretor?
CS – Chego à
escola por volta das 8 h., às vezes um bocadinho mais cedo, e sou eu que,
muitas vezes, abro o portão. Saio cerca das 5 e meia, 6 horas da tarde.
Quando chego, aproveito para ler a correspondência
(os “e-mails” que chegaram depois das 10 da noite) porque é uma altura em que
ainda não há quase ninguém; às 8h10, vou à sala de professores onde fico 10 min.,
um quarto de hora, a conversar com os colegas; depois regresso ao meu gabinete,
onde começo o expediente normal: preencher aplicações informáticas, atender
alunos, funcionários e professores, resolver problemas da escola e, muito
raramente, tenho tempo para pensar na escola, porque estou sempre muito
absorvido por outras tarefas. Posso dizer-vos que os dias são todos muito
diferentes uns dos outros, a única semelhança é o início e o fim. É exatamente
como acontece nas vossas casas: há coisas que acontecem uma vez por semana,
outras todos os dias, outras uma vez por mês, outras, ainda, uma vez por ano. Sempre
entendi a escola como uma casa e as pessoas como uma família, portanto,
interajo com as pessoas, mas, para além disso, tenho responsabilidades para com
o Ministério da Educação. Tenho de preencher plataformas com dados dos alunos,
dos professores, dos funcionários, etc. Não consigo dizer-vos mais, mas
gostaria de vos deixar ficar aqui um grande desafio: um ou dois de vós, com a
autorização dos encarregados de educação, serem dispensados das aulas durante
um dia para me acompanharem desde a hora a que chego à escola até à hora em que
saio. Esta ideia surgiu-me agora, mas acho que seria interessantíssimo conseguirem
fazer o acompanhamento de um dia do diretor. Fica aqui este desafio ao Clube de
Jornalismo para o próximo ano, para fazer um artigo sobre “Um dia do diretor”,
talvez percebessem melhor o que é ser diretor de uma escola. Às vezes, não
estou tão próximo de vós, não porque não quero, mas porque não consigo, porque
não posso.
Sinal
– Foi reeleito recentemente diretor da nossa escola. Gostaríamos de saber o que
o levou a concorrer novamente?
CS – Em primeiro
lugar, a razão principal é gostar daquilo que faço, porque, se não gostasse,
não me tinha candidatado. Esta é a razão principal. Independentemente de todos
os benefícios/prejuízos que a minha profissão e, neste caso, a minha devoção,
me possa trazer, entendo que realmente somos uma família e a família pode ser
sempre mais unida. Portanto, um dos motivos que me levou é o de acreditar que,
amanhã, podemos fazer sempre melhor o trabalho que hoje realizámos, baseado no
trabalho já fizemos ontem.
Recandidatei-me porque gosto daquilo que faço e
acredito que em conjunto conseguimos fazer melhor, ainda melhor do que fizemos
até agora. Quando achar que, realmente, já esgotei as minhas capacidades,
retirar-me-ei ou não me recandidatarei. O meu mandato é de mais quatro anos, até
2022 e depois poderei pedir a recondução. É importante que vocês saibam: há uma
eleição, abre um concurso, as pessoas candidatam-se. Candidatei-me há oito anos
e fui eleito. O mandato foi de quatro anos, ao fim dos quais o diretor, se
assim entender, pode pedir a recondução por mais 4 anos. O Conselho Geral ou dá
a recondução ou não dá, já não é eleição. Cheguei ao fim dos 8 anos e, como não
pode haver mais do que dois mandatos seguidos, um por recondução, teve de haver
nova eleição. Recandidatei-me e, daqui a 4 anos, posso fazer novamente um
pedido de recondução. Não estou a dizer que vai haver, nem que não vai haver. Se
eu pedir e for reconduzido, daqui a 8 anos, terminou o meu prazo de vigência, isto
é, 16 anos, como diretor.
Sinal
– Do balanço que faz do mandato anterior, que realizações destaca como as que
alcançaram plenamente os seus objetivos?
C.S.
– Os meus objetivos nunca foram plenamente alcançados, o meu objetivo é a
melhoria contínua e essa nunca conseguimos alcançar, quer isto dizer que nunca
chegamos a um patamar de perfeição. No entanto, aquilo com que eu sempre me
preocupei, em primeiro lugar, foi tentar que as metas que estão no Projeto
Educativo e no Contrato de Autonomia fossem cumpridas. Em segundo lugar, que
todos os problemas que possam surgir dentro da comunidade Joaquim de Carvalho
fossem resolvidos dentro da comunidade Joaquim de Carvalho, sempre que possível
a bem e nunca por outras vias. Em terceiro lugar, a minha grande preocupação, e
que eu penso que conseguimos atingir também, é que os elementos da Joaquim de
Carvalho, enquanto cá estão, se sintam felizes e que, quando saem daqui, tenham
sempre esta comunidade como referência. Saiam daqui, mas estejam onde estiverem,
que se lembrem e recordem. E que, voltem cá. Seja para visitar os colegas, os
professores, os funcionários, ou, excepcionalmente, para ir cumprimentar o diretor,
porque o diretor é sempre aquela figura que, quer queiramos quer não, permanece
mais distante. Não há dúvida de que aquilo que mais me realiza é exatamente
isso: olhar para vós e ver‑vos sorrir, olhar para vós e ver-vos pelas costas. Costumo
dizer muitas vezes: ver-vos pelas costas é bom sinal, significa que já concluíram
o ensino secundário e se vão embora. Mas depois de o concluírem, apareçam quantas
vezes quiserem. Portanto, o meu objetivo é que se sintam bem, é que aqui dentro
procurem resolver os vossos problemas, seja com os professores, com os
diretores de turma, seja comigo, e que tenham vontade de cá voltar.
Sinal
– Por outro lado, quais os maiores obstáculos na consecução dessas ações?
C.S.-
A burocracia. São muitas plataformas para preencher. Têm a perceção de
quantas pessoas vivem aqui, diariamente? 1140 alunos, mais cerca de trinta e tal funcionários , mais de
100 professores, portanto, estamos a
falar em média de cerca de 1250 a 1300 pessoas que vivem aqui diariamente e que
interagem umas com as outras. Todos somos complicados, achamos que só nós temos
razão, que só nós sofremos, que só nós trabalhamos, que só nós temos
sentimentos, que só nós somos importantes e que os nossos problemas são os mais
significativos. Perante tudo isto, começa às vezes a gerar-se um ruído entre as
pessoas, e isso vai tudo parar em cima de quem? Do diretor! De uma forma ou de
outra, tudo aqui vem parar. Reparem, vocês pertencem a uma turma que tem 28
alunos, que pertencem a um ano que tem cento e tal alunos, que pertencem a um
ciclo que tem trezentos e tal alunos, que é o terceiro ciclo, que pertencem a
uma escola que tem mil e tal alunos! Às vezes, esquecemo-nos de que pertencemos
a estes grupos. E era importante que nos lembrássemos disso, e era importante
que nos lembrássemos da responsabilidade que cada um de nós tem de manter a
calma, a tranquilidade e a felicidade da família Joaquim de Carvalho.
Sinal
– Quer revelar alguns dos principais projetos que pretende levar a cabo nestes
4 anos?
C.S.- Estive recentemente
a elaborar o Plano de Ação Estratégica para 4 anos o que, por vezes, é difícil
numa escola que, quer queiramos quer não, é uma referência a nível do concelho,
a nível regional e também a nível nacional. É difícil pensarmos o que vamos
fazer de diferente. Aquilo que verificamos é que hoje as pessoas vêm para a
escola sem vontade, e não estou a referir-me a esta escola, em particular. Não
sentem a escola como sua, abordam matérias, conhecimento e acham que isso é
aborrecido. Vêm para a escola e dizem-lhes para guardarem os telemóveis no
bolso para não fazerem isto nem aquilo. Vêm para a escola e acham que o espaço
é de intervalo e podem estar a falar uns com os outros. Está na hora de vincar
que, quando os alunos aqui entram, devem sentir que vão pertencer a uma
comunidade, que têm regras, mas que também têm espaços onde podem dar asas à
sua criatividade, ao seu espírito crítico, onde podem ser ouvidos e participar
na vida da escola. Face a tudo isto, lembrei-me de alguns aspetos. Um deles já
se faz normalmente nas universidades. Pela primeira vez, vamos ter, neste
próximo ano, a abertura solene do ano letivo. Vou chamar aluno a aluno,
aqueles que vêm pela primeira vez para a escola, para fazerem, em duas ou três
linhas, um juramento, vou entregar-lhes uma insígnia com um lema (este lema tem
a ver com o concurso que esteve a decorrer) e o aluno vai sentir que, nesse
momento, está a entrar numa comunidade, que tem uma responsabilidade, enquanto
elemento dessa comunidade, e que vai usufruir de tudo aquilo que a mesma lhe
pode dar. A insígnia vai também ser entregue aos alunos que já frequentavam a
escola.
Em segundo lugar, vamos intensificar as reuniões com
os delegados e subdelegados de turma, mas vamos também entregar a todos os
alunos, no início do ano, um livrinho muito pequenino com as funções e
responsabilidades do delegado de turma para que, quando for a votação, todos
votem em consciência e cada um sinta que é responsável pelo delegado e
subdelegado eleitos, sabendo que ele vai cuidar dos seus interesses. Portanto,
são estas duas questões fundamentais que constituem novidade.
Sinal
– O que é para si ser diretor? É sobretudo tomar decisões pedagógicas, de natureza
administrativa e financeira ou ser um relações públicas?
C.S.- As minhas
funções têm a ver com a área pedagógica, cultural, administrativa, financeira e
patrimonial. A pedagógica tem a ver com a relação professor/aluno, a cultural é
extremamente abrangente, a administrativa relaciona-se essencialmente com a
parte da administração da escola, a financeira é especificamente a parte da
contabilidade e a patrimonial tem a ver com a preservação do edifício. Estas
são as minhas funções, mas vocês estão todos envolvidos, porque vivem cá
diariamente e contribuem para todas elas, na preservação do edifício, na
redução de custos, na participação nos projetos participação e postura dentro na
sala de aula.
Sinal
– Nos dias de hoje, qual é o maior desafio da escola?
C.S.-
Em primeiro lugar, continuar a ser uma escola de sucesso, não meramente
académico, mas uma escola de sucesso de onde os alunos saiam felizes e com
vontade de cá voltar. Depois, um outro grande desafio tem a ver com a questão
das novas tecnologias. Se me ouvissem falar há dois ou três anos, eu era totalmente
contra utilização de telemóveis. Hoje, sou 100% a favor da utilização dos smartphones, não dos telemóveis, mas dos
smartphones, que hoje têm imensas potencialidades.
Pretendo que se vá incrementando o uso desta nova tecnologia que, de ano para
ano, traz mais potencialidades no âmbito pedagógico. friso bem, no âmbito
pedagógico, não para mandarem mensagens para A, B ou C, ou irem ao “Twitter” ou
ao “Facebook”. Não tenho nenhuma rede social a não ser o Twitter, onde tive de
me registar para denunciar alguém que se fez passar por mim. Se me perguntarem
a “password” da minha conta, já não sei qual é. Esse é o grande desafio.
Há um outro problema, o envelhecimento dos
professores, que é um problema estrutural do país. Realmente, os professores
estão cada vez mais velhos, a média de idades, na nossa escola, é de cinquenta
e tal anos. Isto porque o número de alunos está a reduzir e os professores
vão-se aposentando e não entram professores novos. Mas essa é outra questão.
Sinal
– Considera que os alunos, hoje em dia, são diferentes dos que conheceu no
início da sua carreira? Por que motivo?
C.S.
– Não. O que é diferente é a realidade, os alunos são os mesmos. Ou seja,
as ambições, o que eles desejam, o que eles querem, agora e para o futuro, é um
pouco aquilo que eu desejava há quarenta anos. Não é muito diferente, a
realidade e os valores é que são diferentes. Habitualmente diz-se que a
juventude não tem valores, mas não concordo. Toda a juventude, todos os alunos,
toda a terceira idade, toda a sociedade tem valores. Os valores é que se vão
alterando, seja porque surgem valores novos e outros desaparecem, seja porque vão
oscilando de época para época. Mas todos os alunos se preocupam com o seu
futuro. Continuam com um tipo de preocupações umas que são comuns às várias
gerações e outras que são típicas e específicas de cada geração, da realidade e
do contexto que temos neste momento. Muito honestamente, acho que o aluno do
futuro só tem um grande desafio que é continuar a ser pessoa e não se deixar
anular pelas novas tecnologias, ou seja, manter o contacto presencial, verbal e
pessoal, não deixando que a conversa face a face possa ser substituída pelo
“Instagram”, “Twitter” ou “Facebook”. Isto para mim é um dos grandes desafios.
Porquê? Porque as novas tecnologias são um instrumento que devemos adequar às
nossas necessidades, não são um instrumento ao qual, nos devemos adequar. São para
usar e abusar para bem das pessoas e não para as pessoas serem usadas e
abusadas por elas. Este é um grande desafio para os alunos e não só, para todos
nós em termos de futuro.
C.S.-
Exatamente como acabo de dizer.
Sinal
– Sente falta de ser professor, do contacto direto com os alunos?
C.S.- Olha, sim
e não.
Sinal-
Então?
C.S._
Sim, porque quando decidi optar por esta via foi porque achei que
gostaria de dar aulas. Para mim, era importante estar com os alunos, fazer
parte da sua formação e eu não estou, entre aspas, diariamente com turmas. Não,
porque estou diariamente com 1140 alunos de uma maneira ou de outra e porque,
de vez em quando, pelo menos 2 ou 3 vezes por ano, quando há um professor ou
outro que falta, às vezes, e quando eu posso, logo pela manhã vou dar eu uma
aula e vou realizar-me. Vou dar uma coisa completamente diferente daquilo a que
os alunos estão habituados, vou falar com eles e, enquanto professor de
Filosofia, vou dar uma aula de Filosofia que não tem nada a ver com o programa
da disciplina, mas que tem muito a ver também com a filosofia. Nessa altura,
como se costuma dizer, “faço o gosto ao dedo”. Ou seja, sinto falta de estar
com uma turma, de a levar do início até ao final do ano, mas, por outro lado,
não sinto, na medida em que tenho 42 turmas. Consigo estar, se for necessário,
posso estar, intervenho, oiço, resolvo, quer isto dizer, interajo com as
pessoas. Disse sim e não, porque não escolhi ser diretor, logo no início,
escolhi ser professor e depois diretor.
Sinal
– Qual o significado que atribui às palavras com que termina habitualmente as
suas intervenções “Fomos, somos e seremos sempre Joaquim de Carvalho”?
C.S.-
Exatamente esse: “Fomos, somos e seremos sempre Joaquim de Carvalho”. Somos
uma instituição histórica, alicerçada no passado: fomos. Estamos comprometidos
com a realidade de hoje: somos. Mas olhamos para onde? Para o futuro: seremos.
“Fomos, somos e seremos sempre Joaquim de Carvalho”, uma Joaquim de Carvalho
não isolada, mas, ao contrário, muito preocupada com a comunidade, com a região
da qual faz parte, com o país e, essencialmente, preocupada com os alunos que a
escolhem e que nela querem estar. Para quê? Para que sejam melhores cidadãos,
para que possam fazer no futuro aquilo que eles acham que no presente faz
falta. Ora isto só é possível se nós olharmos para as raízes que temos,
percebermos o que temos neste momento e o que queremos para o futuro. “Fomos,
somos e seremos sempre Joaquim de Carvalho”.
Carolina Pimentel, 7.º E
Joana Ferreira, 7.º C
Inês Nunes, 8.º E
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