O Sinal foi ouvir o professor Valdemar Ramalho, em vésperas da sua aposentação. Quis saber um pouco sobre a sua vida nos seus vários momentos: na adolescência, na idade adulta e , claro, como professor.
Nome: Valdemar António D’Almeida Ramalho
Data de nascimento: 09/03/1950
Formação: Licenciado em Design e Sociologia
Número de anos de ensino: 32 anos de serviço
Pintor favorito: William Turner
Musico preferida: Gustave Mahler
Filme preferido: “Citizen Kane”
Banda Preferida: The Beatles
Prato preferido: Jaquizinhos fritos com arroz de tomate, perdiz estufada com foie gras, queijo da Serra
Nasci na Figueira da Foz, em “Berço de Ouro”. Fiz os meus estudos iniciais no “Lyceu” da Figueira, e esvoacei com 18 anos para Lisboa, onde estudei design na Escola Superior DE Belas Artes e posteriormente Sociologia da Arte no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa.
Num tempo em que “Portugal era Lisboa e o resto apenas paisagem” ingressei nos quadros da Rádio Televisão Portuguesa como operador de cinema e depois como assistente de realização. Após a conclusão da Licenciatura em Design gráfico mergulhei de cabeça no mundo da publicidade e aí nadei, como fotógrafo de Moda e Diretor de Artes (actividade que interrompi em 1984 para ingressar no ensino).
A minha adolescência foi vivida num permanente e discreto “colete de forças” numa sociedade conservadora e provinciana como era a Figueira da Foz dos “anos 60”.
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À esquerda, Valdemar Ramalho |
O meu primeiro espaço de afirmação e libertação surgiu com a minha música. Aprendi solfejo, a escrever música, a tocar piano e viola. Depois comecei a compor, dei espectáculos, gravei discos, viajei, fiz amigos. Eu sei lá! – Fui sobretudo feliz.
Quis no entanto o destino, que a morte de meu “Querido” Pai me tivesse obrigado a regressar à casa de partida, tendo acabado por ingressar no ensino, única opção válida e possível de emprego, para alguém com as minhas habilitações académicas.
Numa Figueira que apenas tinha crescido do ponto de vista imobiliário, o filho pródigo desembarcava agora de malas e bagagens na ESJC, a fim de iniciar na sua vida uma nova etapa que durou trinta e dois anos.
Aqui casei, vi nascer o meu filho, fiz novos amigos, escrevi livros, plantei árvores, vi-as
crescer e entreguei-me de corpo e alma ao nobre ato de ensinar.
Durante esta “aventura”, vi sentarem-se à minha frente, nas carteiras e estiradores das minhas salas de aula, pais e filhos. Foi um percurso recheado de memórias que guardo no meu coração.
Quando hoje em dia me perguntam se acho diferenças entre os alunos de ontem comparados com os de hoje, apenas posso dizer:
nesta última década, vi surgir nas minhas salas de aula, uma geração infeliz, demasiado formatada por uma total ausência de necessidade de afirmação, de comprometimento e solidariedade social e com uma preocupante falta de opinião e capacidade crítica.
Aceitam a verdade/realidade como lhes é mostrada pela Internet e pelas mensagens dos telemóveis.
Não questionam! Estão a tornar-se doentiamente amorfos. Não inventam! Não criam! Não intervêm! Estão presos numa realidade que só lhes deixa ver o seu próprio umbigo. Apenas manifestam a sua criatividade com recurso a frenéticos “likes” no “Facebook”.
Não procuram a mudança e é cada vez mais urgente e necessário não aceitar nada como garantido.
Inventem a vossa revolução. Abandonem por alguns momentos os sofás do comodismo e conquistem pela criatividade da acção um lugar na história.
Reinventem-se, com libertadores anseios, inquietações, vícios e virtudes. Descubram-se!
Em resumo, quando me perguntam o que acho de diferente, dos jovens de ontem comparados com os de hoje, eu constato que:
Os jovens de hoje estão presos na “redoma do tempo”,
são como um relógio parado,
que não dá horas
mas ainda não é tarde!
Porque mesmo um relógio parado,
Está pelo menos certo duas vezes por dia.
Bem hajam
Diogo Nogueira, 8ºD
Afonso Pereira, 8ºD
Bernardo Francisco, 7ºA
Mafalda Mateus, 7ºB
Gabriela Santos, 7ºC