Dia 5 de dezembro, um dia como outro qualquer, pensava eu. Levanto-me ensonado, como algumas bolachas polvilhadas de açúcar e canela, ao mesmo tempo que bebo uma xícara de leite, não com muita pressa, nem com muita calma. Visto-me, como habitualmente, e rumo à Escola. O céu estava nublado e a temperatura baixa, o clima de fora antevia o clima dentro da Escola, um clima soturno e tristonho. Indícios faziam crer que se tinha passado algo muito infeliz. O mistério foi solucionado por uma colega minha. Fiquei a saber que um rapaz, de quem já tinha ouvido falar, fechou os olhos na sexta-feira passada. Mais tarde, nesse dia vim a saber que a minha mãe foi uma das pessoas que assistiu à sua morte, no hospital da Figueira da Foz, enquanto o tentava salvar, inutilmente, do seu terrível destino. Fiquei, também, a perceber o comportamento dela durante o fim de semana. Álbuns de fotografias abertos em cima da cama, os olhos de quem tinha estado a chorar, os abraços intermináveis… Porque não pensei nisso? Porque não a confortei, imediatamente? Simples, porque ela não me disse. Todavia, comecei a refletir sobre isto e sobre o impacto do destino de pessoas que nunca se relacionaram connosco, mas que de um instante para o outro, passam a pertencer ao nosso coração. “Um cataclismo assolou a cidade da Figueira da Foz” seria o título da manchete de um jornal que relataria o sucedido. Seguir-se-iam as perguntas: Quem foi? Como? Porquê?
A essa última sei responder. A culpa é do Tempo…
A essa última sei responder. A culpa é do Tempo…
Miguel Pereira
12º C
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