Regimes ditatoriais são conhecidos pela supressão de liberdades. Liberdade de expressão, de reunião, e até mesmo liberdade de pensamento. Como controlam o pensamento? Através da fomentação da idiotia.
A verdade é que, como observamos na ditadura do Estado Novo, este tipo de regimes tem um excelente controlo do ensino, pela prevalência de um ensino religioso, que assenta nas máximas do regime (“Deus, Pátria e Família”), e pela criação de movimentos de lavagem cerebral das juventudes. O Estado Novo tinha a Mocidade Portuguesa, o Nacional-Socialismo alemão tinha a Juventude Hitleriana, o Franquismo tinha a Frente de Juventudes… Todos estes organismos de manipulação e controlo da população jovem têm o objetivo de ganhar o apoio incondicional das faixas etárias mais jovens, visto que é mais fácil impor esses valores nos jovens do que em adultos, funcionando assim como um autêntico mecanismo de lavagem cerebral com o objetivo de ter uma população sem pensamento próprio, uma população controlada e manipulada, uma população “idiota”.
Para além disso, estes estados ainda promovem atividades económicas menos qualificadas, normalmente ligadas ao setor primário (em 1950, cerca de cinquenta por cento da população portuguesa trabalhava em atividades do setor primário, maioritariamente na agricultura), de forma a ter uma grande parte da população pouco instruída, e muitas vezes analfabeta (sendo que, por exemplo, em 1950 cerca de quarenta por cento da população era analfabeta). Com estes baixos níveis de instrução, é fácil proceder ao controlo e à manipulação do pensamento da população, que é o objetivo destes regimes.
Para sustentar o meu ponto de vista, vou falar num livro de ficção. Sim, apesar de ser uma história irreal, penso que o cenário e a ideia chave do livro é bastante real: 1984, de George Orwell.
Neste livro, é descrita a realidade ideal de um ditador: um sistema perfeito de controlo de população. Nesta realidade fictícia, a lavagem cerebral do regime é de tal forma eficaz que a população acredita em qualquer mentira que lhe for dita (por exemplo, a ração de chocolate é reduzida de 30 gramas para 20, mas como a notícia é publicada como havendo um aumento para 20 gramas, a população fica satisfeita com esta notícia). Qualquer notícia ou registo é alterado para estar de acordo com a nova verdade apresentada pelo regime, e o controlo das juventudes é de tal forma acentuado que os próprios filhos denunciam os pais quando estes mostram comportamentos antipatrióticos!
Apesar de não real, a história deste livro, do qual recomendo desde já a leitura, mostra o que poderia acontecer a uma população que se deixasse controlar, uma população que não se indignasse ou que não se revoltasse: tornar-se-ia controlada, incapaz de pensar por si própria…tornar-se-ia numa população idiota.
Assim, concluo este texto feliz por o poder escrever, feliz por ter liberdade para o fazer, feliz por saber que, há quarenta e seis anos, a população se indignou, e se revoltou, e feliz por estarmos agora aqui, numa sociedade livre, e certamente não “idiota”!
25 de abril sempre!
Filipe Gomes, 12ºF